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[Torcida Única é tema de debate na OAB-BA]

Torcida Única é tema de debate na OAB-BA

O encontro reuniu representantes de diversas entidades

As comissões de Esporte e Direito Desportivo da OAB-BA promoveram, nesta quinta-feira (17), uma audiência pública para debater o tema torcida única nos estádios de futebol. O encontro aconteceu na sede da Seccional e reuniu representantes do Ministério Público, da Polícia Militar, Federação Baiana de Futebol, Sudesb, Justiça Desportiva, torcidas organizadas, dentre outras entidades que compõem o universo futebolístico.

De acordo com o tesoureiro da OAB-BA, Hermes Hilarião, a Ordem está de portas abertas para receber todo e qualquer debate e assim cumprir o seu papel de cuidar não apenas da advocacia, como também dos valores do Estado Democrático de Direitos.

"Esse debate sobre a torcida única interessa a toda a sociedade baiana porque o futebol é um tema que mexe com todo mundo, pois sem dúvida é uma das maiores paixões do brasileiro. Eu parabenizo as comissões pela iniciativa", disse.

A presidente da Comissão de Esporte da OAB-BA, Juliana Camões, que presidiu a mesa, ressaltou que a Ordem tem incentivado a participação das mulheres nos espaços historicamente ocupados por homens, como é o caso dos debates desportivos. "Essa é uma realidade que está mudando e aqui eu faço a voz das mulheres nesse debate e agradeço o espaço que a OAB dá pra gente". 

Fabiano Vasconcelos, presidente da Comissão de Direito Desportivo, frisou que o tema torcida única tem sido debatido por todo o Brasil. "Foram feitos encontros em São Paulo, Curitiba, Minas Gerais, o que mostra a importância desse tema. Nós estamos aqui para contribuir com essa discussão".

Representante da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb) na mesa, Vicente Neto destacou que o futebol é parte da nossa identidade nacional e que ele não é simpático à ideia da torcida única nos estádios. "Aqui na Bahia, os torcedores da dupla BAVI, de modo geral, vêm tendo um comportamento controlado. Sabemos que há excessos, mas não temos a tradição de selvageria, o que acontece são situações isoladas", afirmou.

O promotor Carlos Leão mostrou que o histórico de violência desportiva, bem como a utilização da torcida única nas arenas, não é uma exclusividade da Bahia ou do Brasil, e sim um fenômeno mundial. "Inclusive no maior clássico das Américas, River e Boca, a torcida única tem sido adotada como medida de prevenção", lembrou.

De acordo com Pedro Casali, representante do Tribunal de Justiça Desportiva da Bahia, os problemas envolvendo torcedores acontecem, inclusive, nas ligas amadoras. "Aqui na Bahia existe um acirramento muito grande nas partidas dos campeonatos intermunicipais", disse.

O capitão do Batalhão Especializado em Policiamento de Eventos (BEPE), Anderson Ubiratan, destacou que o contexto social favorece a prática da torcida única. Ele apresentou números referentes ao contingente de policiais mobilizados para cuidar da segurança dos estádios em jogos com torcida única e mista. 

Segundo o oficial, no BAVI de reinauguração da Fonte Nova, em abril de 2013, uma partida com as duas torcidas, foram necessários 1040 policias para gerir a segurança de 47 mil torcedores. Hoje, para o mesmo público só que de uma mesma torcida, esse número cai para 150 agentes. "Isso significa que outras áreas da cidade continuam com o policiamento normal", disse.
   
O integrante da Federação Baiana de Futebol (FBF) Lázaro Bernardes afirmou que entidade não é contra a torcida mista, porém, diante dos episódios de confronto entre torcedores, sobretudo nos clássicos, a FBF se viu obrigada a tomar providências. "É lamentável termos perdido os cânticos das torcidas rivais, a resenha nos estádios, mas infelizmente, por questões diversas, isso aconteceu", concluiu.

Foto: Angelino de Jesus

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