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Luiz Viana discursa na posse do Conselho da OAB-BA

Confira o discurso do presidente Luiz Viana Queiroz na posse solene do Conselho Seccional da da OAB da Bahia,  em cerimônia realizada no salão nobre da Reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA), na noite de quinta-feira (21/01).  DISCURSO DE POSSE: A TRAVESSIA
 
Chegamos novamente!
O farol lampeja ciclicamente na escuridão, indicando o caminho para voltar! Nós voltamos!
O porto nos acolhe mais uma vez, águas calmas! Nós ancoramos!
É sempre assim, meu caro Presidente Marcus Vinicius. A OAB da Bahia nos fornece porto e farol para partir e para voltar.
Nós partimos, nós voltamos!
Minhas companheiras e meus companheiros - vocês que pela mágica mão da democracia se transformaram hoje junto comigo em conselheiras e conselheiros - vocês bem sabem o que isso significa.
Isso é um compromisso de luta!
Partir para a conquista, voltar para se aprumar para novas batalhas!
Luta sem fim! Lutas sem fim!
Na verdade, entre partidas e retornos, estamos em plena travessia!
Como nos orienta Fernando:
“Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas
Que já tem a forma do nosso corpo
E esquecer os nossos caminhos que
nos levam sempre aos mesmos lugares
É o tempo da travessia
E se não ousarmos fazê-la
Teremos ficado para sempre
À margem de nós mesmos”
Aqui estamos nós, lançados no mar da Bahia, em tempo de travessia, para abandonar as roupas usadas e esquecer os caminhos que nos levam aos mesmos lugares.
Não ficaremos à margem de nós mesmos!
Em tempos de crise conselheiras e conselheiros, não ficaremos à margem de nós mesmos!
E também não ficaremos à margem da história!
Esse é um chamamento!
Queridas e queridos amigos, nós fomos chamados pela advocacia baiana para fazermos essa travessia!
Travessia necessária, travessia difícil!
Em mais de 30 anos de advocacia, só encontrei mares revoltos e fortes tempestades.
Fomos chamados pela advocacia baiana para desafiar esses mares revoltos e essas tempestades!
Haveremos de vencê-los!
Mãos firmes no leme, olhos postos no norte, haveremos de vencê-los!
Não tenhamos ilusão, no entanto: não existem mares fáceis na travessia dos que buscam justiça!
Advogar na Bahia é um inferno!
Fomos chamados a desafiar esse inferno!
Haveremos de vencê-lo!
Como fazer? Nada é fácil, mas "tudo vale a pena se alma não é pequena".
Sugiro invocar Ariano Suassuna, paraibano da peste como o amigo Presidente Paulo Maia da OAB da Paraíba.
Paulô Maiá il faut que je te dit que je ne suis pas un français "baianô", je ne suis qu'un "baianô" de Bahiá!
Invocar Suassuna - com "o riso a cavalo e o galope do sonho"!
O riso é desconcertante. Rir-se da vida para melhor viver a vida. Por isso que festejamos sempre. Festejamos ao longo de nossa árdua campanha nos nossos Happy Ordens. Festejamos com todos os Osvaldos.
"Que pohaaaaa é essa Osvaldo"!!!!
Festejamos com todos os jovens do Conselho Consultivo da Jovem Advocacia e com todos os jovens de todas as idades.
Festejamos "nas" e "pelas" dificuldades. Nossa festa afasta energias negativas. Continuaremos festejando com o riso a cavalo.
E no galope do sonho. E no galope do sonho!
Dreams the staff we are made off, no belo verso poético de Shakespeare que antecipou Freud mais de 400 anos antes:
Nós somos feitos da matéria dos sonhos!
Nós somos nossos sonhos!
Vamos juntos amigos, fazer a travessia de nossos sonhos!
Cada qual no seu cada qual, cada qual na particularidade de seu sonho, cada qual na sua individualidade onírica, mas todos nós juntos sonhando muitos sonhos juntos, compartilhados, em cumplicidade de sonhos bons, alguns realizados alguns sempre um porvir a se realizar.
Deixem-me pedir emprestado a Martin Lutter King a fórmula enfática: "I have a dream"!
Sonho com o dia em que advogar na Bahia seja um trabalho árduo, como todo trabalho árduo, mas que não seja infernal!
Sonho com o dia em que os hipócritas, medíocres e desonestos deixarão de ter sucesso nas lides forenses, quando já não será possível vender caminhos à margem da lei.
Sonho com o dia em que não mais seja preciso defender nossas prerrogativas contra ataques cotidianos de alguns juízes, promotores e delegados, que se esqueceram de si mesmos e de seus deveres frente à cidadania, única destinatária das prerrogativas de que somos titulares.
Sonho com o dia em que seremos capazes de fazer do foro baiano um lugar bom de se trabalhar, digno da Bahia, um dia em que se torne o melhor e não o pior do país.
Sonho com o dia em que todos os corruptos sejam investigados, acusados e punidos, sob o império da lei, segundo o devido processo legal, a ampla defesa e a presunção de inocência.
Sonho com o dia em que defender a segurança jurídica seja a um só tempo defender os cidadãos e o Estado Democrático de Direito.
Sonho com um Estado que não se baste a si mesmo como mais um locus de exercício do poder de alguns poucos, mas sim que sirva como instrumento de realização de justiça social.
Sonho com o dia em que os direitos humanos não seja necessário defender contra ou a favor de homens e mulheres armados pela sociedade, para proteger exatamente a sociedade e seus direitos humanos.
Sonho com o dia em que nosso Rio São Francisco deixe o leito de morte no qual foi enclausurado pela usura, pela inépcia e pela inércia de governos muncipais, estaduais e federal, em um conluio implícito e silencioso com exploradores de todo tipo.
Sonho esses e muitos outros sonhos, mas a verdade é que não existem fórmulas fáceis para realizá-los.
Além de sonhar, permita-me Ariano Suassuna, é preciso montar o cavalo da história.
Vamos galopar nossos sonhos, vamos construir o porvir.
Permitam-me que repita mil vezes: o passado é um só, os futuros são muitos os possíveis!
Vamos construir nosso futuro comum.
E se a história é imprevisível seu percurso é trabalho de homens e mulheres como nós. Aos homens as tarefas humanas.
Constróem a história homens e mulheres como nós, mas que souberam aproveitar as chances que a vida lhes ofereceu, que souberam aproveitar múltiplas causas estruturais e conjunturais. Alguns, explorando seus semelhantes; alguns lutando contra toda sorte de exploração. Alguns lacerando a baleia encalhada viva na praia; alguns correndo para salvar a baleia.
Fiz minha opção desde sempre. Estarei ao lado dos que se opõem à exploração dos semelhantes; estarei ao lado dos que correm para salvar a baleia.
Estarei sempre ao lado dos que lutam por justiça!
A OAB nos conclama a uma máxima simples e direta: olhar os poderosos olhos nos olhos como iguais, e amparar os despossuídos!
Vocês me conhecem: eu não perco as chances. Elas são tão poucas. Não vale a pena desperdiçá-las.
Nós temos a chance de não ficarmos à margem de nós mesmos ou da história. Vamos aproveitá-la com unhas e dentes.
Nós somos únicos!
Esse Conselho que hoje toma posse é único!
Jamais, em tempo algum, em qualquer outro espaço, teremos outra chance de formar este Conselho. Vamos aproveitar essa chance!
Advogadas e advogados baianos nos deram essa chance em reconhecimento de nosso trabalho e de nossos projetos com a consagração da maior vitória política da história recente da OAB da Bahia!
Essa nossa vitória,  Presidente Lamachia, já está escrita nos anais da história política da OAB da Bahia.
Quero aproveitar esta noite, no entanto, para reafirmar que o processo eleitoral já acabou. Doravante somos um Conselho para toda advocacia baiana. Para os que votaram e para os que não votaram em nossa chapa.
A força da OAB decorre de sua unidade na diversidade. Somos muitos e múltiplos, mas somos uma só OAB. "Alma de múltiplas almas".
Aquela chance, como disse, é um chamamento para um compromisso de luta.
Hoje fizemos um juramento de servir nossa classe.
Vamos galopar nossa história.
A galope, a galope pois!
Se a travessia se faz no mar para partir e voltar ao porto, ela se faz também no galope da terra.
E nós que somos ao mesmo tempo da beira do mar e do sertão, de todos os mares e de todos os sertões dessa imensa Bahia, vamos fazer nossa travessia nas águas e na terra. Nas águas contra mares revoltos e fortes tempestades, na terra, seja fértil seja árida, com o riso a cavalo e o galope do sonho.
Se não existem fórmulas fáceis para isso, ao menos, nós teremos as armas que nossa convivência nos forneceu ao longo de três anos, consolidadas na campanha eleitoral: paixão, coragem e esperança.
Paixão pela advocacia.
Coragem de defender a igualdade e a liberdade, tábuas de nossa vocação segundo Ruy Barbosa.
Esperança de que nosso trabalho não seja em vão.
Só mesmo homens e mulheres apaixonados provocam o tempo. Sim porque essa travessia lida com o tempo. Tempo é mistério da humanidade, que o inventou na vã tentativa de reger o que não tem regência: o devir - essa marca essencial de tudo que existe, existiu ou existirá.
Na Bahia não é possível falar do tempo sem invocar Caetano Veloso: tempo - compositor de destinos, tambor de todos os ritmos.
Tempo compositor de destinos é amigo dos apaixonados.
Vamos contar com o tempo. Melhor ser amigo do tempo, "esse canalha"!
O tempo nos faz pacientes e impacientes ao mesmo tempo!
Nosso tempo pessoal não é igual ao tempo das instituições.
A Constituição Federal de 1988 possui menos de 27 anos. Muito pouco tempo institucional, bastante muito tempo pessoal.
Venho há anos sustentando que muito dos problemas que vivenciamos hoje no nosso país decorre da quebra dos compromissos assumidos em 1987-88 na Assembléia Nacional Constituinte. O Brasil projetado não se realizou.
Mais de um quarto de século depois, onde está a sociedade livre, justa e solidária? para onde foi o desenvolvimento nacional? qual fim levou a erradicação da pobreza e da marginalização e a redução das desigualdades sociais e regionais? quem conseguiu promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaiqsquer outras formas de discriminação?
Alguns exemplos demonstram a quebra de compromissos, a diferença entre o Brasil da Constituição Federal e o Brasil real:
- intolerância religiosa na Bahia. Nossos irmãos e irmãs que professam religiões de matriz africana como o candomblé têm sido recorrentemente atacados.
- os índices de violência por arma de fogo demonstram uma sociedade conflituada e a crescente força do crime organizado.
- a situação dos hospitais públicos como o Roberto Santos, conforme relatório do Coren, é lamentável.
A desigualdade social no país diminuiu nos últimos 12 anos, segundo os índices do IBGE, mas continua aviltante.
Sugiro pensar que o descompasso entre a velocidade da ampliação dos direitos políticos comparada com a lentidão da eficácia dos direitos sociais, econômicos, culturais e ambientais, todos previstos na Constituição, é uma das causas para os conflitos que vivemos hoje em nosso país.
Nossa travessia merece estar permeada pelos deveres que nosso Estatuto nos impõem, entre os quais: defender a ordem jurídica do Estado Democrático de Direito, os direitos humanos e a justiça social.
Um de nossos desafios é, portanto, contribuir para a garantia das liberdades e ao mesmo tempo pugnar pelo fim das desigualdades sociais escandalosas.
Tão grande quanto aquele, é o desafio de valorizar e defender a advocacia da Bahia.
Só homens e mulheres apaixonados dedicam-se cotidianamente e de forma voluntária a defender as prerrogativas de seus colegas.
 Nossas prerrogativas, nossas cláusulas inegociáveis!
Renovo aqui votos de enfrentar todas as lutas e todas as batalhas em defesa de nossas prerrogativas. Doa a quem doer!
É verdade. Estejamos certos disso. Nossos sonhos só se realizarão com nossa luta.
Mais uma vez proponho um Pacto pela Legalidade. É preciso reafirmar que a advocacia baiana quer apenas e tão-somente que as leis sejam cumpridas. Que nossas prerrogativas legais sejam respeitadas, que juízes atendam advogados, que servidores nos tratem com o dever de urbanidade, que promotores permitam conhecer a investigações, que delegados garantam acesso não apenas aos inquéritos mas aos presos provisórios, e tantas e tantas outras prerrogativas cotidianamente violadas.
Oxalá, seja rapidamente aprovado o projeto de lei que criminaliza a violação de nossas prerrogativas.
As coisas vão tão mal na Bahia, meus amigos, que se torna quase revolucionário pleitear o exercício da legalidade. Uma óbvia contradição em termos, porque toda revolução é contra a lei.
Sigamos na travessia a imorredoura lição de Sobral Pinto: "a advocacia não é profissão para covardes"!
É preciso coragem para se jogar no mar revolto e com forte tempestade ou para percorrer os caminhos áridos dos sertões.
O advogado baiano é sobretudo um forte. Só os fortes desafiam o inferno!
Mas o compartilhar do desafio acalma o coração dos corajosos. Nossa tarefa é coletiva!
Coragem para dizer sim, coragem para dizer não!
Sim aos que cumprem com retidão o dever de julgar; não aos que se escondem atrás da deficiência de estrutura do judiciário para não julgar nada.
Sim aos que moram em suas comarcas; não aos juízes TQQ.
Sim a todas as medidas moralizadores do Judiciário; não às imoralidades cotidianas que nos assombram a todos.
Sim à maior remuneração possível para juízes, servidores e membros do ministério público; não aos jeitinhos inconstitucionais para ampliar de forma vergonhosa essas remunerações.
Sim ao PJE no tempo das pessoas humanas; não ao PJE na pressa do tempo dos computadores.
Sim a todas as apurações de todos ilícitos penais e administrativos; não à tentativa de criminalizar a advocacia.
Muitos sims, muitos nãos. Coragem para afirmar cada um deles. Todos esses e muitos mais!
Esperança de que sejamos capazes de fazer nossa travessia.
Advogados têm especial preparo na labuta diária para engendrar soluções complexas e para superar desafios aparentemente impossíveis porque a luta faz parte de nossas vida.
Senhora Presidente eleita do egrégio Tribunal de Justiça da Bahia, Desembargadora Maria do Socorro, Senhor Vice-Presisdente Desembargador Jatahy Fonseca Jr. Poderá o Tribunal de Justiça da Bahia contar com a OAB na discussão de soluções para problemas estruturais e conjunturais, inclusive orçamentário-financeiros, para iniciar projeto que faça do nosso o melhor Tribunal da federação.
Um Estado como a Bahia que possui o Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região e o Tribunal Regional Eleitoral, constituído e funcionando aqui nesta mesma terra de meus deus, pode, perfeitamente, neles buscar inspiração para sair da pior crise dos últimos 30 anos.
Para isso conclamo a advocacia baiana a tornar realidade o sonho de transformar nossa Justiça, através do Observatório do Judiciário que vamos instalar em todas as subseções da OAB da Bahia, através do Forum para debelar a crise do Judiciário com o Tribunal de Justiça, o Governador do Estado e a Assembléia Legislativa, com o Plano de Reestruturação Sustentável do Judiciário baiano cuja elaboração pedimos ao Ministro Lewandovski do Supremo Tribunal Federal, à Ministra Nanci Andrighi Corregedora do Conselho Nacional de Justiça e a Sua Excelência Desembargadora Maria do Socorro.
A crise do Judiciário baiano deixou de ser problema apenas do Tribunal ou da magistratura. Sua gigantesca dimensão transformou a crise em um problema da cidadania baiana.
Por isso, ou será debelada por todos, de mãos dadas, ou não será debelada jamais!
 Nossa travessia, colegas conselheiros, nos impõe abraçar a causa da transformação da Justiça baiana junto com os desembargadores, magistrados, membros do ministério público, defensores, serventuários, todas as suas entidades de representação, e todos que possam e queiram participar dessa reestruturação.
Da mesma forma, dirijo-me, agradecendo a presença, a todas as demais autoridades do sistema de justiça federal, através da ilustre Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região, Desembargadora Adna Aguiar. Tenho certeza que poderemos chamá-los a todos ao debate das questões que envolvem os interesses dos cidadãos, dos advogados e de cada uma das Justiças federais com suas peculiaridades.
De nossa parte manteremos acesa a chama da esperança de trazer o Tribunal Regional Federal para a Bahia.
A busca por mais eficiência na prestação jurisdicional é uma questão que afeta a todos por se referir a um direito fundamental e a OAB não se furtará a dar sua contribuição.
Uma palavra ao Ministério Público, em todas as suas esferas de atuação: estadual e federal, nos diversos órgãos e atribuições. Respeitando e defendendo as importantes competências constitucionais do Parquet, entre as quais o exercício do jus persequendi, a OAB poderá estar a seu lado na defesa dos direitos humanos e da justiça social, mas a OAB, mesmo que isso importe em se contrapor, estará sempre ao lado das liberdades.
Peço licença ao Governador Rui Costa, aqui representado pela ilustre Procuradora Geral Adjunta, que hoje é minha Chefe, Doutora Luciane Croda, que insiste em dizer que foi minha aluna de direito civil – peço licença ao Governador Rui Costa para dizer que a Bahia está devendo uma ação mais firme, sintonizada com o governo federal, para melhorar a segurança pública.
O mundo anda esquisito Presidente Marcus Vinicius! O Brasil anda esquisito!
Nesse momento especialmente difícil, em que nosso país se encontra, dilacerado e dividido, após as eleições gerais de 2014, e em decorrência de uma série escandalosa de casos de corrupção, temos a responsabilidade de atender àqueles que chamam a OAB.
Após a 2ª Grande Guerra, diante da Itália dividida, - meu compadre Carlos Amorim,- Norberto Bobbio indicou uma figura ideal para os tempos de crise, o intelectual mediador, cujo método seria o diálogo racional e cuja virtude seria a tolerância.
Meus Presidentes Marcus Vinicius e Cláudio Lamachia, sugiro que nossa OAB, amparada em sua credibilidade, fruto de história de mais de 85 anos sintonizada com as aspirações democráticas do povo brasileiro, possa assumir o papel, junto com outras entidades co-irmãs, de mediadora da unidade nacional, através do diálogo.
É hora de convidar ao diálogo todas as forças vivas da Nação.
É preciso lançar pontes que permitam o diálogo entre a sociedade política e a sociedade civil.
Como a OAB não é nem a favor do governo, nem da oposição, e, apesar de seus interesses corporativos, tem vocação constitucional para a defesa do interesse comum, penso que, talvez, deixando de lado a pequena política, possa a OAB Nacional contribuir para a grande política, servindo de ponte para o diálogo da Nação consigo mesma.
Tenho a firme esperança de que Vossas Excelências saberão dar o melhor destino a essas observações.
É hora de concluir.
Antes, no entanto, quero deixar publicamente registrado meu agradecimento a todos que estiveram conosco nos últimos três anos, a começar pelo Conselheiro Israel Nunes e pelo Diretor Tesoureiro Jones Rodrigues, que abreviaram suas travessias e nos deixaram a saudade.
A todos os conselheiros e conselheiras seccionais e federais, aos membros de comissões, aos presidentes de subseções, aos servidores da OAB da Bahia, a todos enfim que percorreram conosco esses três anos.
Destaco meus agradecimentos pessoais e institucionais aos diretores que navegaram comigo na cabine de comando: Fabricio de Castro Oliveira, Ilana Katia Vieira Campos e Antonio Adonias, cujo trabalho e mérito bem os credencia para nos representar doravante no Conselho Federal.
Agradeço, igualmente, a Carlos Alberto Medauar Reis, o único diretor que ficou comigo na diretoria para essa nova gestão: não sei se por erro ou por acerto! Mas sou muito particularmente grato a ele.
Agradeço também os apoios mais distintos que recebemos e continuamos a receber para cumprir nossa missão de todos os advogados e advogadas, através dos ex-Presidentes que estiveram conosco nas trincheiras: Newton Cleyde e Thomas Bacellar, este aqui o responsável ou irresponsável por me ter trazido para a OAB como conselheiro seccional em 1997. Obrigado professor!
Especiais agradecimentos ao Conselho Federal, através de sua diretoria, comandada por nosso battonier Marcus Vinicius, que em poucos dias passará o bastão para Lamachia, recebemos sempre e sempre o braço amigo e o apoio do Conselho Federal.
Sem eles, colegas presidentes de subseções, não teríamos construído as sedes novas de Santo Antônio de Jesus, Paulo Afonso, Irecê, Jacobina e Luis Eduardo Magalhães, esta em andamento. Sem a ajuda do Conselho Federal não teríamos reformado as sedes de Ipiaú, Brumado, Guanambi, Senhor do Bonfim, Bom Jesus da Lapa e Santa Maria da Vitória, ou os clubes de advogados de Teixeira de Freitas e de Salvador, nem, muito menos, reformado a sede da seccional, o CAD do Forum Rui Barbosa, e aparelhado dezenas e dezenas de salas para advogados em todo o Estado.
Vamos dar continuidade a esses programas para dotar de sede digna todas as subseções e aparelhar salas de adcvogados em todos os foruns possíveis.
Sem eles não teríamos inaugurado hoje o Centro de Inclusão Digital de Salvador.
Agradeço a Felipe Sarmento, Presidente do FIDA, futuro secretário geral da OAB Nacional, baiano que as Alagoas nos roubou da Bahia -, sem o qual não teríamos adquirido a sede de Ilhéus nem inicado a reformas da sede de Porto Seguro.
Antes de concluir, duas palavras.
A primeira a meus sócios e colegas do escritório de advocacia Brandi, Viana e Britto advogados associados. Perdoem as ausências nesses últimos três anos. Prometo que nos próximos três vai ser pior!
A segunda palavra a minha família.  Nos momentos mais difíceis, naqueles dias em que estamos prestes a soçobrar depois de rebentar em recifes invisíveis, contei sempre com a força de meus amores para prosseguir. Dedico essa noite a meu pai, Alberto, - cuja saudade veio morar no meu coração, no dia que ele partiu -, a Lia, minha mãe, - fonte permanente de inspiração na arte de bem viver -, a Alberto, meu irmão, Patrícia e Julieta, minhas irmãs, Rômulo, meu irmão que Julieta me deu, a todos eles que me ajudam a resistir. A Beatriz, minha filha, Guilherme, meu filho, que me ajudam todos os dias, mesmo sem saber, a me encontrar com o que posso ter de melhor. A meus tios, Luis, Juzinha, Celi e Marilu, a todos os primos e primas, a todos os sobrinhos. Através deles a todos de minha família. A meus amigos, cuja lista não caberia neste discurso, aos verdadeiros amigos que integram minha família afetiva, a vocês todos esta noite.
Mas quero, mais uma vez, dizer que nada disso seria possível sem Elsa, amor de minha vida, mulher de meus sonhos. "Amar se aprende amando", segundo Drummond. Eu tenho a sorte de ter aprendido a amar com Elsa!
Obrigado a todos que agora chegam para a travessia de nossos sonhos.
Agradeço ao reitor da Universidade Federal da Bahia, Doutor João Carlos Salles, a gentileza e o esforço para nos ceder esse espaço maravilhoso: temos muito a fazer juntos, reitor!
Agradeço ao conselheiro do Conselho Nacional de Justiça Luiz Claudio Allmemand, maior autoridade em processo judicial eletrônico do país, pelo esforço de estar aqui presente.
Agradeço de coração a todos os presidentes e dirigentes da OAB que vieram abrilhantar esta noite para honra da advocacia baiana:
Marcus Vinicus - Presidente Nacional da OAB
Claudio Lamachia - Vice-Presidente Nacional da OAB
Fernanda Marinelo - Presidente da OAB Alagoas
Felipe Sarmento - Conselheiro Federal de Alagoas e sua esposa Mariana Sarmento
Tiago Diaz - Presidente da OAB Maranhão
Henry Clay - Presidente da OAB Sergipe
Jose Augusto Noronha - Presidente da OAB Paraná
Paulo Coutinho - Presidente da OAB Rio Grande do Norte
Paulo Maia - Presidente da OAB Paraíba
Carlos Fabio - Presidente da Caixa da Paraíba
Antonio Fabricio - Presidente da OAB Minas Gerais
Leonardo Acioly - Vice-Presidente da OAB Pernambuco
Rochilmer Melo - Presidente da Caixa de Rondônia
Marcelo Mota - Presidente da OAB Ceará
Fernando Andre Teixeira - Tesoureiro da Caixa do Ceará
Carlos Jose Santos Silva - Cajé - Conselheiro Federal da OAB São Paulo.
Jarbas Vasconcelos - Conselheiro Federal da OAB Pará.
Obrigado pela presença de todos. Saibam que jamais esquecerei o gesto!
Finalmente, hora de concluir.
Quero dizer a todos e em especial aos conselheiros e conselheiras da OAB da Bahia,  que partimos novamente.
Estejam preparados amigos.
Vamos à travessia de nossos sonhos. Travessia difícil, sem mapas, sem bússolas, sem estrelas.
Mas travessia possível porque terei vocês ao meu lado, especialmente porque terei ao meu lado uma diretoria especial com Ana Patricia Dantas Leão, vice-presidente, Carlos Medauar, secretario geral, Pedro NIzan Gurgel, secretario geral adjunto, e Daniela Borges, tesoureira. Tenho muito orgulho de estar com vocês na diretoria.
Ao meu lado, igualmente, a Diretoria da Caixa de Assistência, sob a Presidência de Luiz Coutinho, temos muito a fazer pela assistência aos nossos colegas da Bahia.
Ao meu lado todos os 34 presidentes de nossas 34 subseções. Vamos novamente percorrê-las todas, amigos e amigas.
Ao meu lado José Arruda Presidente de Porto Seguro e Cyntia Possídio Conselheira. Obrigado pelas belas palavras. Não me reconheço nelas.
A travessia será possível porque estaremos todos lado a lado com paixão, coragem e esperança.
Como iniciei com uma metáfora da beira do mar, termino repetindo uma metáfora do sertão, bisneto que sou da Casa Nova dos meus ancestrais, agora devidamente corrigida a fonte:
Ouvi, certa feita, Vital Farias, cantador, recitar François Silvestre: sou cantador porque trago no peito a cor e o cheiro de minha terra, a memória de sangue de meus mortos e a certeza de luta de meus vivos.
Pois eu não sou cantador. Sou advogado. Com muito orgulho advogado nordestino e baiano. De todas as regiões, de todas as Bahias. Como advogado baiano, trago no peito a cor e o cheiro de minha terra, a memória de sangue de meus mortos e a certeza de luta de meus vivos.
Vamos juntos manter uma OAB da Bahia que seja porto e farol, porto para a memória de sangue de nossos mortos e farol para a certeza de luta de nossos vivos!
Sigamos em frente!
Vamo que vamo! Luiz Viana Queiroz
Presidente da OAB da Bahia