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"Nós construímos o nosso destino", proclama Luiz Viana Queiroz

A esperança em um destino cada vez mais digno para a advocacia baiana deu o tom da cerimônia de encerramento da VI Conferência Estadual da Advocacia. Após três dias de programação intensa envolvendo diversas mesas com alguns dos principais especialistas do Direito do país, o evento realizado pela OAB-BA no Hotel Sheraton da Bahia chegou ao seu desfecho com a certeza de que a classe está mais forte e unida para construir um futuro melhor, superando as violações de prerrogativas, combatendo a crise do judiciário e fazendo valer as garantias constitucionais, conquistadas a troco de muita luta. O presidente da OAB-BA, Luiz Viana Queiroz, citando o filósofo francês Jean-Paul Sartre, ressaltou que a única condenação a qual o homem está predestinado é a liberdade. E que a transformação da realidade é uma missão que cabe a cada um e deve começar agora. "Nós não estamos condenados a nenhum destino. Nós construímos o nosso destino", afirmou Viana. O professor e advogado Iran Furtado, que abrilhantou a cerimônia com um discurso que encheu os olhos e arrancou risos e aplausos da plateia, utilizou histórias da mitologia grega para contar como ele vem labutando em meios às mazelas do dia a dia para ser cada vez mais senhor do seu destino na profissão que escolheu seguir. "Quando olho para trás, vejo um passado governado por Urano - que é o deus corrupto. Mas eu não esperei por Crono - que é o deus do tempo - e libertei a esperança da caixa de Pandora. Eu tenho essa esperança e quero para o meu futuro que ela não se esvazie", disse Furtado. Segundo ele, o que os advogados e advogadas da Bahia farão nesse exato momento é o que determinará o futuro da advocacia. Furtado frisou, ainda, que os profissionais do Direito precisam se dar conta da relevância que essa profissão carrega para o bom funcionamento da sociedade. "Nós somos a voz que fala quando ninguém mais quer falar. Nós, advogados, somos o para-raio dos males do mundo liberado por Pandora". Sociedade violenta A oportunidade foi também para alertar os advogados e advogadas para os danos que a hierarquização social brasileira é capaz de causar. Luiz Viana chamou atenção para o modo como esse mal está incrustado no estado brasileiro de tal forma que se tornou parte da estrutura do país. "A gente vê a violência não apenas dos bandidos, mas também dos agentes do Estado, dentro das casas das pessoas. A violência constitui a nossa sociedade. Nós fomos o último país do mundo a acabar com a escravidão negra. Isso é muito sério. A forma como nossa sociedade é estruturada tem na violência física e simbólica uma força e hierarquização gigantescas. E isso é sentido no cotidiano", afirmou. Ele atentou ainda para a exclusão financeira que impera na advocacia baiana, questão que definiu como central para o desenvolvimento da classe. "Hoje nós somos 43.058 advogados e advogadas, sendo 52% de homens e 48% de mulheres, e somos excessivamente diferenciados pela questão econômica. Nosso mercado da advocacia é excludente". Essa realidade, segundo o presidente, vem sendo combatido pela OAB-BA, por meio de ações junto ao governo do estado, uma vez que se trata também de uma questão política e, como tal, exige dos advogados e advogadas uma movimentação junto à Ordem que vá além dos limites dos tribunais e, principalmente, que extrapole as interfaces das redes sociais. Paixão, coragem e esperança A realização da VI Conferência Estadual, conforme pontuou o presidente Luiz Viana, enalteceu a união que envolve os advogados e advogadas baianos e toda a equipe da OAB-BA. "Essa conferência foi a maior que a gente já fez, pelo número e pela qualidade. É preciso reconhecer o trabalho das pessoas apaixonadas que fizeram isso acontecer", disse Viana. Ele ressaltou como o trabalho em prol da advocacia serve de estímulo para que os profissionais sigam travando as suas batalhas e conquistando os seus objetivos no dia a dia. "É impressionante como a OAB-BA pode nos encorajar. Ela é uma bandeira que a gente carrega e que, ao mesmo tempo, nos dá mais força para levar outras bandeiras", pontuou. "A OAB da Bahia nesta gestão é reconhecida pela paixão, coragem e esperança. Paixão pela advocacia. Coragem de defender a igualdade e liberdade, tábuas de nossa vocação, como diz Ruy Barbosa. E esperança de que nosso trabalho seja capaz de mudar para melhor a realidade de cada um de nós e da advocacia", concluiu o presidente. Foto: Angelino de Jesus (OAB-BA)