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Audiência discute ensino de gênero e diversidade nas escolas públicas

Na última quarta-feira (15), a OAB da Bahia sediou a audiência pública que debateu a importância do Ensino de Gênero e Diversidade nas Escolas, tema que norteou discussões relacionadas à aprovação dos Planos Municipal e Estadual de Educação, votados nas respectivas casas legislativas recentemente e que tiveram essas propostas retiradas dos projetos educacionais para 2016. A audiência foi proposta pela Comissão de Diversidade Sexual e Enfrentamento à Homofobia da OAB-BA, e na mesa, os debatedores levantaram discussões pertinentes sobre o tema, principalmente sobre o local de fala de cada um dos envolvidos na discussão. “Não podemos esquecer que, em nosso lugar de fala, não somos apenas feitos de pessoas jurídicas, mas também de pessoas físicas, que resultam das nossas experiências de vivência de mundo”, declarou Érica Capinam, coordenadora de Educação para a Diversidade da Secretaria de Educação do Estado da Bahia. Durante sua palestra, Capinam ressaltou a importância do diálogo sobre gêneros e diversidade nas escolas. “Somos formados pelos movimentos sociais, principalmente, porque a matriz curricular atual das escolas está engessada. Precisamos discutir mais sobre este tema, e essa discussão começa nas escolas, com os jovens”, continuou a pedagoga. Para a gestora pública e assessora parlamentar Amanda Cunha, existem diversas identidades que passaram a ser identificadas na sociedade e que, agora, devem ter seu reconhecimento garantido. “O ser universal que era branco, masculino e hétero não existe mais”, ressaltou.  A mestre em Educação pela UFBA, Elisa Gallo, lembrou a dificuldade dos alunos em compreender a diversidade de gêneros e suas combinações. “Muitas vezes pode parecer simples, principalmente para quem estuda e para quem vivencia a diversidade de gêneros, mas, para os estudantes, é complicado entender que um homem pode ter atração pelo mesmo sexo, por exemplo”, disse ela. O psicólogo Adriano Cysneiros observou a importância de se discutir gênero e diversidade, nas escolas, na formação da subjetividade. “Essa nossa subjetividade é formada nos nossos espaços de convivência, a partir do momento em que nascemos. Família, comunidade e escola são espaços de convivência e formação de subjetividade, sendo este último o lugar com maior ocupação do tempo na formação do indivíduo", disse. “Para a história não existe homossexualidade, bissexualidade, assexualidade. Para a história, essas nomenclaturas foram criadas para ‘medicalizar’ o comportamento humano no século XIX”, lembrou a professora de História licenciada pela UFBA e estudiosa na área de gênero e sexualidade, Carolina Ledoux. “Nunca houve, historicamente, um momento em que a sexualidade fosse homogênea e todas as pessoas a aceitassem e fossem de acordo com ela”, continuou.  Trazendo sua experiência vivenciada durante sua estadia no Arizona, EUA, a mestra em educação Selene Dias Moreno alertou que as discriminações de gênero e raça atingem diretamente o desenvolvimento dos estudantes em escolas que não estejam preparadas para a educação de Gêneros e Diversidade. “É com o trabalho miúdo que atingiremos um número maior de estudantes e temos que começar em algum momento”, falou. Também esteve presente à mesa alta, a presidente da Comissão Especial de Combate à Intolerância Religiosa, Maíra Vida, que destacou que a religião também é uma forma de discriminar o jovem na sociedade. A audiência foi coordenada pelo presidente da Comissão de Diversidade Sexual e Enfrentamento à Homofobia da OAB-BA, Felipe Garbelotto, acompanhado da advogada e membro da comissão Fernanda Barreto. Foto: Angelino de Jesus (OAB-BA)