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[Conselho Pleno da OAB-BA debate cota para negros e paridade de gênero em eleições da Ordem]

Conselho Pleno da OAB-BA debate cota para negros e paridade de gênero em eleições da Ordem

Discussão aconteceu nesta sexta (04), durante última sessão do ano

Aprovadas pelo Colégio de Presidentes do Conselho Federal da OAB nesta semana, as políticas de cotas para negros e pardos e a paridade de gênero nas eleições da Ordem foram debatidas na última sessão do Conselho Pleno da OAB-BA, nesta sexta-feira (04/12). A reunião foi realizada remotamente e transmitida pela ferramenta Zoom e canal da OAB-BA no Youtube.

Conforme votação do Colégio de Presidentes da OAB Nacional, chapas só serão registradas com 50% das vagas ocupadas por cada gênero e, pelo menos, 15% das vagas destinadas a negros e pardos, com posterior avaliação do percentual baseado no censo da advocacia. As deliberações serão encaminhadas para análise do Pleno da OAB  Nacional.

"Reconhecemos que saímos de 0 para 15, mas ainda está longe de ser o percentual desejado. Sabemos que enfrentaremos muita dificuldade pela frente, até porque a questão do racismo é estrutural e faz com que precisemos ter cotas para os negros que não se veem nos espaços de poder", destacou a presidente da Comissão Nacional de Promoção da Igualdade da OAB, Sílvia Cerqueira.

Para pressionar o avanço na OAB Nacional, a presidente da Comissão Especial de Combate à Intolerância Religiosa, Maíra Vida, disse que uma nota será produzida. "É um movimento democrático, que já conta com mais de 60 juristas negros e negras e que tem como base fortalecer a representatividade da advocacia negra", disse.

Sobre a paridade de gênero, a presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada, Daniela Borges, voltou a comemorar a conquista e disse que "falar de paridade e cotas raciais é falar sobre questões maiores, como prerrogativas, honorários e as demais dificuldades enfrentadas por parte da advocacia".

Daniela também agradeceu o apoio de Luiz Viana, em quem afirmou se inspirar, e destacou o exemplo da seccional baiana na luta pela igualdade de gênero.

"É coerente defender paridade, quando a gente sai de uma seccional que a adota na prática e que tem uma advocacia fortalecida e comprometida com os valores e princípios que regem a profissão", destacou a advogada.

O presidente da OAB-BA, Fabrício Castro, lembrou que, desde a gestão de Viana, a Bahia conseguiu conquistas importantes na área. “Ao contrário do que acontece em outras seccionais, hoje, na OAB-BA, é natural ver mulheres e negros em posição de destaque”, afirmou.

Luiz Viana agradeceu e parabenizou a atual gestão da seccional e as advogadas baianas. "Se não fossem elas, não teríamos os avanços que tivemos. Elas resistiram bravamente a todo tipo de pressão", ressaltou.

Retomada do Poder Judiciário

A sessão contou, ainda, com a discussão sobre a última fase da retomada das atividades do Poder Judiciário. Segundo a vice-presidente da seccional, Ana Patrícia Dantas, apesar de estarem prontas as unidades judiciais, a falta de juízes na comarca inviabiliza o avanço do processo.

"Sem juiz, não tem como ter retomada, principalmente pela falta de comunicação, seja por e-mail ou telefone. Com a pandemia, ficamos ainda mais distantes do acesso à Justiça. Precisamos  aproveitar essa crise para pressionar o TJ sobre questões que já a antecediam", reclamou Ana.

O presidente Fabrício Castro disse que não é possível retroceder. "O TJ/BA  e o TRT5 adotaram um protocolo e não podem voltar atrás. As unidades estão prontas para atuar na pandemia e não devem retroceder", disse.

O presidente também voltou a afirmar que só haverá uma solução concreta para o Judiciário baiano, caso haja investimento em contratação de juiz e tecnologia. 

O Pleno contou, ainda, com uma moção de apoio à advocacia de Teixeira de Freitas diante do aumento da Covid-19 e foi dedicado ao advogado Jorge Lima.

"Um amigo querido, que deixou uma marca profunda em cada um de nós e foi muito cedo", concluiu Fabrício.